quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Há vida sem cérebro? (segunda parte)

Um organismo simples formado de uma única célula, digamos, uma ameba, não apenas está vivo mas se empenha em continuar vivo. Sendo uma criatura sem cérebro e sem mente, a ameba não sabe sobre as intenções de seu próprio organismo assim como nós sabemos sobre nossas intenções equivalentes. Porém, ainda assim a forma da intenção está presente, expressa na maneira como a criaturinha consegue manter em equilíbrio a composição química de seu meio interno, enquanto a sua volta pode estar havendo uma tremenda comoção.

O que estou tentando mostrar é que o ímpeto de manter-se vivo não é uma propriedade exclusiva apenas de seres racionais, como nós, seres humanos. De um modo ou de outro, dos organismos simples aos complexos, a maioria dos seres vivos apresenta essa propriedade. 

O que efetivamente varia é o grau em que os organismos tem conhecimento desse ímpeto. Poucos deles têm. Mas o ímpeto está presente, quer o organismo saiba disso ou não. Graças á consciência, os humanos são em grande parte cientes dele

Autor - Antônio Damásio